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quinta-feira, março 14, 2013

O DESABAFO DE UM PROFESSOR 3:Ao mestre com carinho, um desabafo de um professor vocacionado e que abandonou a profissão


Começai a trabalhar como professor por acaso, só que me apaixonei pela profissão. Meu trabalho tinha começo, meio e fim. O reconhecimento por parte dos meus alunos me fazia melhorar cada vez mais minha aulas. Planejamento, dedicação, investimento próprio, tudo era feito com preciosismo.
Depois de muitos anos de estudos, veio a comparação salarial com outras profissões. E não adianta insistir… Vivemos em um mundo globalizado e capitalista, onde o dinheiro movimento tudo. E para o professor comer durante o mês ele só precisa de dinheiro e mais nada.
Sempre incentivei meus alunos mais fracos e mais desatentos as aulas. Gostava de mostrar a eles o quanto é importante estudar para ser valorizado profissionalmente. Ironicamente, esse foi o grande fato
para eu acordar e cair na real.
No ano de 2010, lecionando para o Ensino Médio, em uma escola da Seduc , onde o salário do professor é um dos mais altos do Brasil, alguns alunos faltarem durante dias de aula. Tentei reconduzi-los ao cotidiano escolar, mas um deles me questionou: “Professor, estudar tanto pra quê? Pra ficar igual a você e ganhar R$ 1,2 mil por mês? Pra tirar desse dinheiro o custo do vale transporte para ir trabalhar? Pra pegar o resto que sobrou e ir pedir uma quentinha para se alimentar? Pois professor da Seduc não tem tíquete alimentação, não é verdade? Muito menos vale transporte?
Então respondi ao meu nobre e inteligentíssimo aluno: É verdade! Você esta certíssimo!
O mais interessante é que depois desse tempo reencontrei meu antigo aluno. Hoje ele trabalha coordenando um grupo de cabos eleitorais nas eleições municipais de nossa cidade. Por sinal, ele está muito melhor do que eu, naquela época.
Também já abandonei a profissão, afinal professor também sente fome!
Hoje trabalho em outro órgão do mesmo Estado do Amazonas. Sou agente administrativo nível médio. Ganho três vezes mais que um professor que tem nível superior. Hoje eu trabalho bem menos, afinal acabaram os finais de semana intermináveis de correção de provas, planejamento de aulas, pesquisas pelos melhores materiais de ensino, planos didáticos e metodologia de ensino…acabaram os problemas, acabou o sonho do antigo professor que sonhava em formar cidadãos, mas que não tinha um tíquete alimentação para se alimentar.
Hoje, mato saudades da sala de aula ensinando meus filhos em casa. Pois a educação sé é transmitida de fato por alguém que realmente sinta prazer em fazer isso e que necessariamente seja valorizado, por mais que nossos governantes não entendam dessa forma.
Cristiano Dumond

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