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sábado, junho 25, 2011

Transtorno de Déficit Atenção e/ou Hiperatividade



O Transtorno do Défict de Atenção e/ou Hiperatividade (TDAH) foi descrito pela primeira vez no início do século XX, e desde então tem recebido diversas denominações, como Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome da Criança Hiperativa, Distúrbio Primário da Atenção, e Distúrbio de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade. (9) 
Embora a maioria dos estudos sobre o TDAH tenham sido feitos em crianças desde a sua primeira descrição até os dias atuais, os adultos também podem apresentar o mesmo diagnóstico porém com sintomatologia própria. Este fato se deve aos critérios diagnósticos estabelecidos pela American Psychiatric Association(1), que enfatizam as características comportamentais mais comumente observadas na população infantil. Assim, os adultos acometidos pelo TDAH acabam não preenchendo aos critérios estabelecidos, embora atualmente acredita-se que o transtorno persiste da infância até a fase adulta, sofrendo apenas modificações no quadro sintomatológico. ( 9) 

O que é o TDAH?


O TDAH é o distúrbio do neurodesenvolvimento mais encontrado em crianças, e a maioria dos casos persiste até a fase adulta. Suas principais características são a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade, que se apresentam inicialmente na infância, e que se manifestam em diferentes contextos, provocando prejuízos funcionais na vida do indivíduo, como dificuldades acadêmicas e ocupacionais, problemas nas relações sociais e com a auto-estima. (2, 3, 4, 5, 6, 7 ) 
Em indivíduos que apresentam os sintomas em apenas um tipo de ambiente, como por exemplo, somente em casa ou só na escola, é necessário investigar mais especificamente, para verificar se tais comportamentos não são oriundos de problemas psicológicos. ( 8) 
O DSM-IV afirma que o TDAH atinge de 3 a 5% das crianças em idade escolar, porém o estudo de Vasconcelos e cols. (2001) encontrou uma prevalência de 17,1% do transtorno em crianças da mesma faixa etária. Outros estudos citados por este mesmo autor também encontraram um maior índice de prevalência do TDAH do que aqueles sugeridos tradicionalmente, porém todas as pesquisas concluem que os meninos são mais acometidos pelo transtorno do que as meninas. 

Quais são as causas?

A etiologia do TDAH vem sendo muito investigada nos últimos anos, para possibilitar melhores estratégias de tratamento, porém os estudos ainda não foram suficientes para precisar as reais causas do transtorno. Entretanto, a influência de fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento do TDAH já foi divulgada e bastante aceita no meio científico. (4, 7, 10) 

Fatores ambientais

Algumas teorias sugerem que fatores psicossociais que atuam na adaptação e na saúde emocional da criança, como por exemplo problemas graves na relação familiar, pais com transtornos mentais, ou baixo nível sócio-econômico e cultural da família, contribuem para o desenvolvimento e manutenção de um quadro de TDAH. (4, 7)No entanto, outros estudos têm contestado essa idéia, afirmando que as dificuldades no contexto familiar são as conseqüências e não o agente etiológico do TDAH. Além disso, sustenta-se a hipótese de que os problemas familiares agravam seus sintomas, mas não causam o transtorno. (7)

Estudos realizados por Faraone e Biederman (1998), citado por Rhode e cols. (2003) investigaram a hipótese de que a presença de complicações durante a gestação ou no parto oferecessem uma maior predisposição ao surgimento do TDAH na criança, porém os resultados da investigação não são sustentáveis.

Pesquisas demonstraram que a ingestão de substâncias pela mãe durante o período de gestação, como álcool e nicotina, podem provocar alterações na formação do cérebro do bebê, como a região orbital frontal, tornando-o mais suscetível ao desenvolvimento do TDAH. Porém, vale ressaltar que os estudos apresentam evidências somente sobre a associação destes fatores ambientais com o TDAH, e não sobre uma relação de causa e efeito entre eles. (4, 7, 10) 

Fatores genéticos

O desenvolvimento de um quadro de TDAH conta com uma grande contribuição genética. (4, 7, 10. ) No entanto, os cientistas não determinaram que os agentes genéticos são os únicos responsáveis pelo TDAH, e sim que são dependentes da interação com os fatores ambientais associados ao desenvolvimento do transtorno. (4, 7)

A contribuição genética para o TDAH começou a ser investigada quando observou-se que nas famílias de portadores do transtorno a presença de parentes também acometidos pela enfermidade apresentava maior freqüência do que nas famílias sem crianças com TDAH. A prevalência do transtorno nos pais das crianças afetadas é de duas a 10 vezes maior do que na população geral. (4, 7)

Há também a hipótese de que a etiologia do TDAH seja o desequilíbrio de neurotransmissores no Sistema Nervoso, como por exemplo a dopamina e a noradrenalina. A sustentação desta hipótese se dá à medida que a medicação utilizada para o tratamento do TDAH age principalmente sobre estes neurotransmissores. ( 8) 

Tipos de TDAH

Para classificar os tipos de TDAH, faz-se necessária uma prévia explicação sobre a manifestação dos sintomas característicos do transtorno.

Desatenção: o indivíduo apresenta dificuldades em sustentar a atenção, e/ ou alternar o foco atencional, por curto período de tempo, mesmo durante as atividades cotidianas. (10)

Hiperatividade: o sinal característico da hiperatividade é a dificuldade ou inabilidade de se manter quieto e calmo, com intensa agitação motora, mesmo em situações consideradas inapropriadas. (10)

Impulsividade: se manifesta pela dificuldade do indivíduo em planejar os comportamentos e as idéias, agindo de forma precipitada e impensada. (10)

Assim, existem três tipos de TDAH, são eles:

TDAH, Tipo Combinado

Neste quadro de TDAH, tanto os sintomas de desatenção, como os sintomas de hiperatividade e impulsividade estão presentes. (1)

TDAH, Tipo Predominantemente Desatento

Este tipo de TDAH é mais freqüente no sexo feminino e pode levar, assim como as crianças que têm o TDAH Tipo Combinado, a um maior prejuízo no desempenho acadêmico. As crianças predominantemente desatentas apresentam um maior retraimento e isolamento social, o que acaba por gerar a problemas de relacionamento social. Assim, isso consiste num círculo vicioso, já que por não envolver-se socialmente de forma adequada, a criança não aprende as habilidades sociais pertinentes ao seu grupo. (4)

TDAH, Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo

Crianças que apresentam este tipo de TDAH, se mostram mais agressivas do que aquelas que sofrem de um dos outros dois tipos. Dessa forma, freqüentemente são rejeitadas pelo seu grupo, pois na maioria das vezes agem sem pensar, não conseguem prever as conseqüências de seus atos, e são socialmente inadequadas. (4)

Quais são os sintomas?

Presença de pelo menos seis dos seguintes sintomas de desatenção, persistentes por um período mínimo de seis meses, em grau mal-adaptativo e não compatível com o nível de desenvolvimento:

Com freqüência não presta atenção a detalhes ou comete erros por descuido em tarefas escolares, de trabalho, etc.

Apresenta freqüente dificuldade em manter a atenção na realização de tarefas ou atividades lúdicas, não conseguindo conduzi-las até o final.

Freqüentemente passa a impressão de que está com o pensamento em outra situação, ou que não ouviu o que lhe foi dito.

Há freqüentes mudanças de uma tarefa inacabada para outra. Assim, o indivíduo pode iniciar uma atividade, ter sua atenção desviada para outra, e deixar a primeira incompleta. Com freqüência não atende a solicitações e não segue instruções, o que não se deve a incapacidade de compreendê-las nem a comportamentos de oposição, e sim ser creditado à dificuldade de atenção.

Dificuldade na organização de tarefas e/ou atividades.

Por não conseguir manter a atenção, o indivíduo considera as atividades que exigem esforço mental constante (tarefas escolares ou trabalhos burocráticos) como desagradáveis e aversivas, passando a evitá-las freqüentemente.

A realização de tarefas é prejudicada, devido a freqüente desorganização, perda ou descuido dos materiais necessários (brinquedos, tarefas escolares, lápis livros, etc.).

Facilidade de distração por estímulos alheios à tarefa, geralmente culminando na interrupção da mesma.

Freqüentemente há um esquecimento no cumprimento das tarefas diárias (falta a um compromisso marcado, esquece material escolar, etc.). No campo das situações sociais, este sintoma pode se manifestar por freqüentes mudanças de assunto, falta de atenção ao que os outros dizem, falta de atenção a detalhes ou regras em jogos ou outras atividades.

Presença de pelo menos seis dos seguintes sintomas de hiperatividade, persistentes por um período mínimo de seis meses, em grau mal-adaptativo e não compatível com o nível de desenvolvimento:

Freqüente inquietação, caracterizada pela agitação dos pés e das mãos, ou por remexer-se na cadeira.

Dificuldade em permanecer sentado, freqüentemente abandonando a cadeira em sala de aula ou em outras situações em que isso é necessário.

Corre ou escala com freqüência, em situações em que isso é inadequado.

Apresenta freqüente dificuldade em realizar atividades ou brincadeiras que envolvam silêncio.

Apresenta-se freqüentemente com energia em demasia, como se estivesse "a mil".

Freqüente excessividade da fala.

Com freqüência responde precipitadamente, mesmo antes das perguntas terem sido formuladas por completo;

Freqüentemente tem dificuldade em esperar sua vez;

Com freqüência interrompe ou intromete-se em assuntos ou brincadeiras alheios, faz comentários inoportunos gerando dificuldades em relações sociais, acadêmicas ou ocupacionais. Vale ressaltar que a impulsividade pode ocasionar acidentes (por exemplo, derrubar ou quebrar objetos, esbarrar em pessoas, manusear objetos perigosos, etc.) ou mesmo levar ao envolvimento em atividades perigosas, sem pensar nas conseqüências.

Resultados

Os sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção foram detectados antes dos sete anos de idade.

Os sintomas se manifestam em diferentes contextos, incluindo a família, a escola, o trabalho e as situações de lazer.

A manifestação dos sintomas provocam prejuízo significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional do indivíduo.

Referências Bibliográficas

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais - 4º edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. 845 p.

EliA, J.; AMBROSINI, P. J.; RAPOPORT, J. L. Treatment of Attention Deficit Hyperactivity Disorder. The New England Journal of Medicine, v.340, n. 10, p. 740-788, mar.1999.

GUEVARA, J. P.; STEIN, M. T. Evidence based management of Attention Deficit Hyperactivity Disorder. British Medical Journal, n.323, p.1232-1235, nov.2001.

ROHDE, L. A. (org.) Princípios e práticas em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Porto Alegre: Artmed, 2003, 236 p.

SYMANSKI, M. L.; ZOLOTOR, A. Attention Deficit Hyperactivity Disorder: Management. American Family Physician, out.2001. http://www.aafp.org/afp/20011015/1355.html.

VASCONCELOS, M. M. (org.) Prevalência do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade numa escola pública primária. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, São Paulo, v.61, n.1, p.67-73, mar.2003.

http:// www.tdah.org.br

http://gballone.sites.uol.com.br/infantil/tdah.html

http://gballone.sites.uol.com.br/você.dda_adulto.htm

http://www.nimh.nih.gov/publicat/adhd.cfm

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